sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Natal

É chegado o fim do ano
nenhum deles é igual
muito em breve se aproxima
a magia do Natal

Dia de alegria
para alguns de tristeza
quem vive abastado 
não dá valor à pobreza

Todos os dias são felizes 
se saúde e paz houver
excluindo injustiça e guerra
natal é quando o homem quiser

Quadra de paz
amor e união
valores nobres e dignos 
de todo o mundo cristão

Com trocas de prendas
o tempo não cansa
há sempre um sorriso 
no olhar de uma criança

É preciso semear
para obter a bonança
seguir de cabeça erguida
e não perder a esperança

Que o ano que se aproxima
entre com muita ternura
para aqueles que frequentam
o útil lube de leitura

Tanta Humanidade
com falta de amor
para nos salvar
nasce o Salvador

Família, presépio e prendas
que festa! não há igual
que pena não poder ser
todos os dias Natal

E para terminar
palavras destas
a todos os presentes
votos de Boas Festas

Margarida Silva


09-12-2014

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Clube de Leitura: Natal, Fernando Pessoa

Clube de Leitura: Natal, Fernando Pessoa: Natal... Na província neva. Nos lares aconchegados, Um sentimento conserva Os sentimentos passados. Coração oposto ao...





Gosto deste poema de Fernando Pessoa,

para além do Livro do Desassossego.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Natal, Fernando Pessoa










Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!


Fernando Pessoa

História antiga, Miguel Torga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.

Mas, por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.


Miguel Torga

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

«Balada da neve» de Augusto Gil

Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim. É talvez a ventania: mas há pouco, há poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho… Quem bate, assim, levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve, mal se sente? Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza. Fui ver. A neve caía do azul cinzento do céu, branca e leve, branca e fria… . Há quanto tempo a não via! E que saudades, Deus meu! Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente e, quando passa, os passos imprime e traça na brancura do caminho… Fico olhando esses sinais da pobre gente que avança, e noto, por entre os mais, os traços miniaturais duns pezitos de criança… E descalcinhos, doridos… a neve deixa inda vê-los, primeiro, bem definidos, depois, em sulcos compridos, porque não podia erguê-los!… Que quem já é pecador sofra tormentos, enfim! Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?!… Porque padecem assim?!… E uma infinita tristeza, uma funda turbação entra em mim, fica em mim presa. Cai neve na Natureza e cai no meu coração.

A princesa do gelo

Camilla Lackberg é uma escritora Sueca de romances policiais nascida em 1974 e considerada a escritora Sueca do ano 2004/5. « A princesa do gelo» é o seu livro de estreia e o enredo passado em Fjallbacka na costa ocidental da Suécia. De regresso à cidadezinha onde nasceu depois da morte dos pais, a escritora Erica Falk encontra uma comunidade envolvida numa tragédia, a morte da sua amiga de infância, Alex. Com os pulsos cortados e o corpo mergulhado na água congelada da banheira, tudo leva a crer que Alex se suicidou. Quando começa a escrever uma evocação da carismática Alex que não via desde a infância, Erica vê-se de repente no centro dos acontecimentos. Ao tentar saber um pouco mais sobre Alex acaba por descobrir tantos factos curiosos que decide escrever um livro envolvendo-se nos muitos mistérios que cercavam a sua vida. A trama é centrada na investigação do suposto suicídio. Conhece Patrick Hedström, que investiga o caso, começam a trabalhar juntos e é quando vem ao de cima a verdade sobre aquela cidadezinha com um passado profundamente perturbador… O livro mostra-nos o cotidiano de todas as personagens interligadas por Alex. Vemos a preocupação no que parece bem ou mal ou seja com aparências escondendo o abuso sexual a que foram submetidas duas crianças e a respetiva consequência nas suas vidas.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Galveias

Galveias, o novo romance de José Luís Peixoto centra a sua ação no Alentejo, na aldeia onde nasceu o escritor e reporta-se ao ano de 1984, há trinta anos atrás quando o autor tinha 10 anos. 
 O romance tem muitas personagens, que resultam das memórias do autor e das perguntas que fez a alguns conterrâneos, para as poder caracterizar. É um romance que pretende descrever a realidade rural dessa zona do país, na década de 80.
Após a queda da ”Coisa”, vinda do universo, que abriu uma cratera na Herdade do Cortiço, e que até ao fim não se sabe muito bem o que é, choveu durante sete dias seguidos. 
É a partir daqui que se desenrola toda a narrativa, através da qual o leitor vai descrevendo  as várias personagens e as suas histórias, bem como os efeitos que a “Coisa” provocou na aldeia, desde logo, o sabor estranho do pão,  - a enxofre.
O padre Daniel, alcoólico; o João Paulo, mecânico das tão famosas motorizadas do anos 80, as Famel; o Catarino, um acelera dono da motorizada que apelidava de "Famélica"; o dono do Café Chico Francisco; Isabela, prostituta de noite e padeira durante o dia; o velho Justino; o carteiro Joaquim Janeiro, que, sabe-se depois tem família constituída na Guiné Bissau (mulher e filhos), onde prestou serviço militar; a Tina Palmada; o ti Manuel Camilo; o José Cordato; os Cabeças; o médico dr. Matta Figueira e muitos, muitos outros, até os cães, reúnem-se todos no final do romance, na capela e no terreiro e um fim inesperado e improvável acontece.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Da minha Janela...


 











Da minha janela vejo o campo,
E quatro vacas pastando,
Dela vejo também passar,
O comboio alfa pendular.

De Norte para Sul, e de Sul
Para Norte, quase se cruzam
Em frente à minha janela.

Acontece pela manhã,
Pela tarde também,
É bonito vê-los passar,
Tanto ou mais que neles viajar.

31 de Dezembro de 2008 -16H20m.

Cruzaram-se os alfa pendulares,
Em frente à minha janela.
Metade de mim (1) vai para o Porto
A outra metade (2) para Lisboa
Porque (não) posso ir nos dois…


 (1)   – Corpo
 (2)   – Espírito
Ou vice-versa
Manuel Costa
31 de Dezembro de 2008

Crónica da Quaresma


A seguir ao Carnaval vinha o período medonho da Quaresma. Eu era menino de coro e apavorava-me a igreja cheia de ecos, as imagens aterradoras dos santos, as chamas das velas inclinando-se a tremer quando uma porta se abria, a solenidade, o luto, os jejuns, o peixe à sexta-feira a olhar-me do prato com a sua órbita branca como se também a ele judeus muito maus houvessem crucificado num calvário de grelos e batatas cozidas. Achava que Nosso Senhor Jesus Cristo devia ter morrido assim, às mãos não de Pilatos mas da cozinheira, escamado e a ferver numa panela cruel, que era a Nosso Senhor Jesus Cristo que eu tirava as espinhas e acompanhava a azeite, evitando fitar aquele olho redondo de supliciado culpando-me entre hortaliças da sua morte injusta. 

Antunes, António Lobo, Livro de Crónicas, Crónica da Quaresma

Contribuição de Manuel Costa

Prosa vs verso, Fernando Pessoa


in,  Livro do Desassossego, Bernardo Soares, Fernando Pessoa, 
Contribuição de Manuel Costa

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O Senhor Ibrahim e as flores do Alcorão

Com uma escrita simples, emocionante e cheia de humor, Eric-Emmanuel Schmitt narra a história de um menino judeu e de um velho merceeiro árabe. Momo, o menino judeu, vive sozinho com um pai frio e distante. O senhor Ibrahim, o velho merceeiro árabe, é acolhedor, simpático e disponível. Juntos, vivem uma séria de aventuras e constroem uma amizade que ultrapassa todas a fronteiras. O Senhor Ibrahim e as flores do Alcorão é um livro para ler e reler, uma lição de sabedoria, de tolerância, de fatalismo e de bondade.

Schmitt, Eric-Emmanuel, O senhor Ibrahim e as flores do Alcorão,  
1ª edição, Marcador, Setembro 2013

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Os Bichos, Miguel Torga

NERO

Em Nero, Miguel Torga, conta-nos a história de um cão, narrada por si próprio, que estando na sua última hora de vida, faz uma retrospectiva do que foi a sua infância, juventude e a vida adulta, tal e qual como se fosse uma pessoa. 



Sentia-se cada vez pior. Agora nem a cabeça sustinha de pé. Por isso encostou-a ao chão, devagar. E assim ficou, estendido e bambo, à espera. Tinha-se despedido já de todos. Nada mais lhe restava sobre a terra senão morrer calmo e digno, como outros haviam feito a seu lado. É claro que escusava de sonhar com um enterro bonito, igual a muitos que vira, dentro dum caixão de galões amarelos, acompanhado pelo povo em peso… Isso era só para gente, rica ou pobre. Ele teria apenas uma triste cova no quintal, debaixo da figueira lampa, o cemitério dos cães e dos gatos da casa. E louvar a Deus apodrecer a dois passos da cozinha! A burra nem sequer essa sorte tivera. Os seus ossos reluziam ainda na mata da Pedreira


MORGADO

Morgado era um burro que pertencia a um moleiro e que foi vendido a um Almocreve por dezassete libras. 
O Burro tinha pelo almocreve uma grande afeição e transportava todas as cargas com alegria e dedicação, até que um dia foi maltratado pelo dono, que o abandonou à sua sorte, quando foi atacado por uma matilha de lobos. 

Mas apenas o almocreve desmontou, e num relâmpago lhe tirou os aparelhos, acabou por compreender que o ia abandonar ali, esfalfado, coberto de suor, indefeso, à fome do inimigo. Salvava a vida com a vida dele... E lamentava as suas dezassete libras!E, afinal, a manhã vinha a romper!... Só quando viu o dono a caminhar pela serra fora de albarda às costas - não se envergonhar! - e sentiu os dentes do primeiro lobo cravados no pescoço, é que reparou que a luz do dia começara a desenhar as coisas e a dar significação a tudo.

Extratos do Livro de Miguel Torga, Bichos, 5.ª edição, Coimbra  1954

Viagem a Portugal - José Saramago





Formoso retrato é este da Princesa Santa Joana, bem mais fascinante do que o túmulo sumptuoso. Há no retrato uma pungente presença de vida que o artifício do túmulo duas vezes encobre. Ao redor da arca passeia-se o pasmo, diante do retrato fazem-se perguntas, ainda que sabendo, que aquela tristeza é das que não têm voz.
 Saramago, José, Viagem a Portugal, 1.ª edição, Lisboa, Círculo de Leitores, 1981


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Hannah Arendt - 108º Aniversário do nascimento

Hannah Arendt (1906-1975), filósofa e jornalista judia, exilou-se nos EUA em 1941, após a fuga do campo de concentração de Gurs, durante os anos negros da Segunda Grande Guerra.  Em 1951, obteve cidadania norte-americana e nesse mesmo ano foi publicado o seu livro "As Origens do Totalitarismo". Esta obra tornou-se um clássico dentro da comunidade intelectual e lançou a sua carreira nos Estados Unidos. Em 1961, deslocou-se a Jerusalém para cobrir o julgamento do criminoso de guerra nazi Adolf Eichmann para a revista "The New Yorker" e o seu artigo, publicado em cinco partes, teve um enorme impacto mediático. As suas ideias foram alvo de críticas violentíssimas quer pela descrição dos conselhos judaicos, quer pela exposição da personalidade de Eichmann. Porém, a obra seguinte, "Eichmann em Jerusalém: Uma reportagem sobre a banalidade do mal", alcançou um lugar de destaque e grande respeito, ainda que sempre controverso, na maior parte dos debates acerca do Holocausto. Esse livro é hoje tido como uma das suas obras mais importantes.

fonte: http://cinecartaz.publico.pt/Filme/324714_hannah-arendt

Quinze dias se passaram desde a última sessão do clube, mas as leituras não foram interrompidas. Todos os participantes trouxeram o seu contributo e partilharam reflexões sobre os livros que estão a ler. Através da audição de um podcast, tomámos conhecimento da história do  livro inacabado de José Saramago Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas. A Fernanda confessou-nos que lê muito pouco, mas vai reiniciara as suas leituras. A Ana Pedro apareceu pela primeira vez e já está a ler Segredos de Família de  Kim Edwards. A Maria começou a ler As Paixões de Colombo de Margarida Pedrosa e O Delfim está a ler Chegar mais Além de Rick Bragg.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

2ª sessão - 30 de Setembro



Com a presença de um novo membro iniciámos a sessão; conforme combinado, foi feita uma breve a presentação do livro escolhido, cuja leitura já tinha sido iniciada, e uma  síntese das leituras efetuadas durante a semana.
Partilhámos leituras atuais e ideias para leituras futuras. Eu falei sobre os Maias, de Eça de Queiroz, livro que já terminara;o Manuel trouxe-nos um extrato do Livro do Desassossego de Fernando pessoa, e apresentou  Sul de Miguel Sousa Tavares; o José  leu-nos um extrato do Lobo de Wall Street de Jordan Belfort; a  Margarida contou-nos a história do Nero (Bichos de Miguel Torga); a Deolinda falou-nos muito sobre a Relíquia de Eça de Queiroz, e as aventuras do Teodorico; os restantes membros apresentarão na próxima sessão, uma vez que estavam atrasados nas leituras. Foram iniciadas novos livros, tais como Livro de Crónicas de António Lobo Antunes  e a Tia Júlia e o Escrevedor de Mario Vargas Llosa.

1ª sessão - dia 23 de Setembro

Nesta primeira sessão procedemos à escolha dos livros para leitura, de acordo com as preferências dos membros do clube. Os livros escolhidos foram:
Sul, Miguel Sousa Tavares, Oficina do livro, 2004, 1ª edição 19989
Bichos, Miguel Torga, 1940 (1ª edição)
Dentro do Segredo, José Luís Peixoto, Quetzal 2012
O Lobo de Wall Street
Princesa do Gelo, Camila Lackberg, D. Quixote, 2010
A Relíquia, Eça de Queiroz
Os Maias, Eça de Queiroz
O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa.

Fazendo a ligação entre a poesia escrita dos nossos poetas consagrados e a música, ouvimos Canto Alentejano, por José Afonso e Ser Poeta, de Florbela Espanca, por Trovante

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A formação do Clube

Hoje demos início ao Clube de Leitura da  USIDEC -  Universidade Sénior  de Cacia . Ao longo do ano letivo,  realizaremos atividades em torno do livro e da leitura com os seguintes objetivos:

 - Promover o gosto pela leitura
 - Partilhar ideias em torno dos livros e da leitura
 - Promover a leitura como fonte de conhecimento 
 - Contribuir para o convívio e socialização

Tema/Sugestões de leitura
  • Os livros da minha infância/juventude
  • Escritores Prémio Nobel
  • O livro da minha vida
  • Escritores do Mundo
  • Poesia
  • Biografias
  • Artigos de Jornais /Revistas/Publicações sobre a região
  • Receitas culinárias
  • Autoajuda
  • Viagens
  • Tempos livres
Nesta primeira sessão estiveram presentes poucos participantes, mas o diálogo fluiu e, no final, pudemos identificar gostos e preferências de leitura que condicionarão as escolhas a fazer na próxima sessão.

As sugestões de obras/autores foram as seguintes:

António Lobo Antunes - Cartas de Guerra
Livro do desassossego - Fernando Pessoa
Desumanização - Walter Hugo Mãe
Miguel torga - os Bichos
Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago
Dentro do Segredo - José Luís Peixoto
As Serviçais - Kathryn Stockett
Pela Índia, de Mochila às Costas
Obras ou textos sobre Catarina Eufémia