segunda-feira, 4 de maio de 2015

Plátano




         É uma imagem inspiradora. Gosto disto até à medula, até ao cerne, literalmente. É como uma pintura abstracta, mas como está lá na árvore, naturalmente, abraçando o tronco, é bem concreta, então para quê pintá-la? Ou o meu pincel foi aqui a máquina fotográfica que captou uma imagem impressionista, ou talvez antes, realista. Sugestiva, a lembrar também o tecido da farda militar, o camaleónico camuflado.
         A água aviva-lhe as cores; então esperei que chovesse..., estava a morrinhar, era como se fosse uma camada de verniz, - caía lenta e persistentemente de um céu cinzento plúmbeo, - que paradoxalmente serve para proteger uma pintura da própria humidade. As cores vivas de uma Primavera, ainda que de um Inverno solarengo pudessem ser, de um amanhecer, ou de um entardecer luminosos, estão lá, - mais na parte inferior do rectângulo, que na superior, onde a luz é um pouco dissipadora - na periferia do grosso tronco, aqui planificado.
         Já o fotografara em tempo seco; cores mais claras, desvanecidas, menos recortadas, de uma “pintura” moribunda, sem vida, à espera de rejuvenescer, de ressuscitar com o jacto de verniz, disparado pela objectiva, qual frasco de spray nas mãos de um graffiter urbano e contemporâneo, não o pincel clássico de um “qualquer” Vincent Van Gohg.

Observações: (*)
A data é de uma certa religiosidade, da qual preciso por vezes.
 Dir-me-ão: - “A data é apenas coincidência! Não?”
Direi que sim!
                                                         
Manuel Oliveira Costa


13* de Maio de 2014

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