O orgulho não é um exclusivo dos grandes países, porque ele
não tem que ver com a extensão de um território, mas com a extensão da alma que
o preencheu. A alma do meu país teve o tamanho do mundo. Estamos celebrando a
gesta dos portugueses nos seus descobrimentos. Será decerto a altura de a
Europa celebrar também o que deles projectou na extraordinária revolução da sua
cultura. Uma língua é o lugar donde se vê o mundo e de ser nela pensamento e
sensibilidade. Da minha língua vê-se o mar. Na minha língua ouve-se o seu rumor
como na de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a
voz do mar foi em nós a da nossa inquietação. Assim o apelo que vinha dele foi
o apelo que ia de nós. E foi nessa consubstanciação que um novo espírito se formou,
como foi outro o espírito da Europa inteira na reconversão total das suas
evidências.
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