segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Poema - José Luís Peixoto


na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.



José Luís Peixoto, in A Criança em Ruínas

O Livro do mês - Dezembro

24 horas na vida de uma mulher - Stefan Zweig


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Fernando Namora (Condeixa 15 de abril, 1919 - Lisboa 31 de janeiro de 1989)




Licenciado em Medicina (1942) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Exerceu medicina,  primeiro na sua terra natal depois nas regiões da Beira Baixa e Alentejo, em locais como Tinalhas, Monsanto e Pavia. Em 1951, acabaria por se instalar em Lisboa - onde, muito jovem estudara no Liceu Camões -, como médico assistente do Instituto Português de Oncologia.



Obra literária de Fernando Namora que ganhou o Prémio Vértice. A primeira série foi publicada em 1949 e a segunda em 1963.
Retalhos da Vida de um Médico constitui um documento social da primeira metade do século XX, desenvolvendo-se em volta da vida de um médico de aldeia, por pequenas terras provincianas do Sul de Portugal. Mostra as dificuldades que o clínico (narrador de primeira pessoa) enfrenta para ser aceite pela população local, habituada a charlatães, crendices e superstições. O médico depara-se com a maneira simples de viver dos aldeões, subdesenvolvidos e subalimentados e com a sua desconfiança e avareza. A estas realidades, reage ora com ironia, ora com dúvida, ora com cansaço.
A estrutura da obra é feita por "retalhos", ou seja, de forma fragmentária, sem preocupação de sequência cronológica. É considerada uma obra mista, a nível de géneros literários, pois apresenta vários: a autobiografia, o conto, o diário, o apontamento breve do quotidiano, as memórias.
O livro foi adaptado não só para cinema, com título homónimo, sob realização de Jorge Brum do Canto, em 1962, como também para série televisiva, em 1980, esta sob direção de Artur Ramos e Jaime Silva. 

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Mãe - Miguel Torga

Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito,
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti – não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto – sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga in Diário IV

Dia da mãe

Todas as pessoas têm direito a descanso, menos as mães. Para cada tarefa, profissão ou encargo há direito a uma folga, menos para as mães. Se alguma mãe demonstrar a mínima fadiga de ser mãe, haverá logo uma besta, ignorante de limpar a baba e de parir, que se oferecerá para a pôr em causa. Não é mãe, não sabe ser mãe, não foi feita para ser mãe, dirá. Mas, se todas as pessoas têm direito a descanso, será que as mães não são pessoas? A culpa é nossa. Sim, a culpa é das mães. Deixámos que fossem os filhos a definir-nos.

José Luís Peixoto in "Em Teu Ventre"

domingo, 26 de março de 2017

Mulheres escritoras - Svetlana Alexievich

Prémio Nobel da Literatura 2015

Nasceu em 1948 na Ucrânia, tendo crescido em Minsk, capital da Bielorrúsia onde vive atualmente. Jornalista e escritora é autora de cinco livros e de 20 guiões de documentários. Recebeu importantes galardões internacionais, antes da sua consagração como prémio Nobel da Literatura em 2015. Criou um novo género literário de não ficção que é inteiramente seu. A sua prosa documental é sempre escrita através de centenas de entrevistas. 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Mulheres Escritora - Aghata Christie (1890-1976)




Agatha Christie é, e sempre será, a Rainha do Crime. Soberana dos romances policiais, vendeu bilhões de livros pelo mundo e foi traduzida para 45 línguas, sendo ultrapassada em vendas somente pela Bíblia e por Shakespeare. Nasceu Agatha Mary Clarissa Miller, em 15 de setembro de 1890, na cidade inglesa de Torquay, mais precisamente na mansão Ashfield. Cresceu ouvindo as histórias de Conan Doyle, Edgar Allan Poe e Leroux, contadas por sua irmã mais velha, Madge. Ler mais...





segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Mulheres Escritoras


 Pearl S. Buck

 (Hillsboro, Vírgínia Ocidental, 26-06-1892 - Danby, Vermont, 06-03-1973)


Escritora norte-americana vencedora do Prémio Pulitzer de ficção com o romance A Boa Terra, em 1932 e vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 1938 (primeira mulher norte-americana a receber este prémio).
Passou a sua infância na China, tendo aprendido a língua chinesa antes da língua inglesa. Viveu parte da sua vida no oriente e outra parte nos Estados Unidos. Lutou pelos direitos das mulheres e pela melhoria das condições de vida das crianças asiáticas, bem como pela igualdade racial.  Leccionou Literatura Inglesa em várias Universidades Chinesas.
Foi impedida de entrar na China por ter sido considerada, pelo governo revolucionário, de ser uma agente do imperialismo. Atualmente os meios culturais chineses empenham-se na reabilitação da sua memória e na casa onde viveu, em Shangai, existe um museu em sua homenagem.
Autora de uma vasta obra, mais de uma centena de livros, foi-lhe atribuído o prémio Nobel em 1938 "pela riqueza das suas descrições da vida camponesa na China e pelas obras primas da sua bibliografia". Juntamente com o marido criou uma fundação com o seu nome.